palavra-trovão joyceana
para gritar-trovejar 7 vezes:
"bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonner
ronntuonnthunntrovarrhounawnskawntoohoohoordenenthurnuk!"
Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.
para gritar-trovejar 7 vezes:
--- é necessário também o gozo alienante que não vem acompanhado de prazer, sacia mesmo a tua necessidade, e guarda o membro melado na calça como quem limpa a boca com um guardanapo de papel depois do arroz com feijão diário. o corpo não pede muito, o corpo pede que pela boca se entre algo, pede a fricção de um outro sexo ou de uma mão, pede um canto qualquer pra ser horizontal e por algumas horas se desligar do mundo. o gozo alienante é uma risada bem dada na cara do prazer que é triste imediatamente um segundo após o gozo consciente. o prazer se entristece tão facilmente. porque ele sabe que bastam 5 arfadas e novamente você volta a si, como uma mola que te entrega e te recolhe, mas nunca se arrebenta. uma punheta bem dada pra se esquecer do castelo frágil de baralhos derrubados, de que infelizmente não basta enfiar o dedo no cu querendo que todo o resto de você também entre e fique lá pra sempre, esquecer que o "espírito" pede e finge muito mais que o corpo. os nossos quereres que dilaceram a razão são nossos idealismos, não um grito de suplício da nossa carne avermelhada. quanto a mim - eu, eu mesma e Irene - faz alguns dias que não penso mais, só tremo feito uma corda que ondula e ondula e. acho que de tanto bater meu coração parou, de tanto esperar um encontro [não duvido que seja nos mesmos modos de um cristão que espera a redenção, a sua espera também era assim?] sentada sempre no mesmo banco, a paisagem mudou e só meu banco continua lá intacto e eu não reconheço mais nada. anacrônica nesse mundo mais rápido que o pensamento. por isso o desconforto com as palavras, quando as coisas que te revolvem e que por sua vez revolvem as coisas do mundo já revolvem outra coisa ainda mais revolvente e revolvida isso te escapa. mesmo com a ausência de pontuação eu não consigo alcançar. e todas essas filosofias que violentam e se acumulam nos bolsos das calças e enchem os travesseiros e querem te enrabar a qualquer custo sem te deixar gozar [nem alienada nem esclarecida] implorando assentimento, como se fossem o absoluto a verdade do mundo do universo, do caos ao cosmos, e são todas parcialidades migalhas concedidas pelo mundo que se dá de dó do homem que não tem nada nem a si mesmo, e a mentira relativa que oprime tanto quanto a verdade absoluta e a liberdade na necessidade o nada a náusea o uno o múltiplo o bem o justo o belo o transcendente o transcendental a ataraxia a lógica os argumentos as justificações a antinomia a essência a aparência a linguagem o sublime que é para poucos a revelação que é para poucos a contemplação que é para poucos a dança que porra de dança é essa? me passa logo essa cicuta, vai. um viva à máxima do desconheça-te a ti mesmo pra manter a sanidade, e queria mesmo muito ver suas mãos cheias de calos que não são nem nunca serão maiores que os calos do seu "espírito" que não te basta pra ser homem. [a deprimencia da nicotina e da cafeína, nessas tardes nubladas, me bastam como hoje].
eu vou gritar o silêncio torpe,
---talvez voltar a falar flores inofensivas e esquecer o deserto guardado lá dentro da boca sem céu estrelado, de onde escapam grãos que grudam nos olhos e cortam a visão dos objetos do mundo. ela é tão pequena nessa vida, de hábitos tão gatunos e tão triste também. sem fé que só. tão só. tão tão de tão pouco e minúscula. irresponsável de beber cerveja no graal, tão meia-boca. cheia de meias-verdades. tão pela metade. e a metade dividida em metades pequeniníssimas. um dia ela escutou os conselhos de augusto e desde então acostumou-se à lama que a espera. o homem que, nesta terra miserável, mora entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera. e não é que todos esses anos vem costurado com linha negra uma segunda pele, pele de defesas e asperezas de bicho-fera e arredio que mostra os dentes e esconde que esconde o rabo entre as pernas. em cada onibus que se entra, em cada roleta que se gira em cada banco que se senta em cada janela que a cabeça cansada se encosta em cada minuto de inação é se entregar ao quarto escuro que é só seu. acostumada com o lugar-comum que é a náusea disfarçada de dança. a doença que dança, só de pensar na cena ela sente vontade de chover e rir de tão nervosa, "oh meu deus mas que dialética monstruosa!" uma doença que dança uma valsa [nos braços de qual cura?]. "mas que sistema miraculoso!" sente como se estivesse se afogando no Mar-Morto desde os 50 anos a.C.
ORVALHO.
vai homem!
o próximo pé que pisar na minha sombra será cortado
se me ama não me ame
-hoje me disseram que eu sou um rio caldaloso, violento, gelado, profundo que corre pro...