ainda a reluzir .
(...) A abstração dos pescoços duros na afirmação do dia que era pura promessa, sempre cumprida. Levantar contorcido e ainda entorpecido (se não fosse, teria sido) do carpete ou do (col)chão com os olhos cheios de areia, desencaixar-se dos braços e pernas pesados de sono e um sopro no ouvido, um beijo de nariz, o cabelo grudando no rosto melado de suor guardado de poucas horas atrás. Os pescoços duros que logo se relaxariam nas outras mãos e d-e-d-o-s. A vontade de beber o mar quando ia o sol, que se dissolvia nele inteiro, e flutuávamos na água cor de chocolate subtraindo mesmo o sal. Quase manso, o mar; e a pulsação submersa, De profundis, feito onda a crescer, a correr e a quebrar, se espalhando inteira em espuma branca. E outra, e mais outra, compondo um movimento que também era o de dentro: a velocidade a correr em fluxo e refluxo de se preencher. Estendida na grama cintilante, a coberta. A cabeça no colo, o joelho dobrado prendendo os pés, as mãos no cabelo, o olhar em direção vertical, pra cima o céu de dia, em descanso polifônico: as várias melodias a se encontrar no mesmo, no nosso tempo & espaço. El tango, golinhos no vinho e as palavras arrastadas na preguiiiiiiça do primeiro dia, depois da noite: A Noite: o amor em rizoma, descentralizado, a ecoar entre as coisas. Nômades a explodir as estrelas (...)