não existem cinzas sem fogo.
Os cigarros molhados tomaram conta da situação. Meu corpo é um cigarro molhado num estalo. (Ele tornou-se). Você é um cigarro molhado na minha boca, eu sou um cigarro molhado no seu maço. Molhado em água suja, água de poça de buraco fundo. Água que eu atravessei até embaixo, procurando flores aquáticas na margem, voltando à superfície nua e roxa, pulmão gritando sem ar. Tudo o que tenho são flores ornamentais, ornamentadas perfidamente de mim para mim em vasos de banheiro abandonado, esses consolos baratos e frágeis, fibras falsas vegetais, celulose trágica. Tenho cigarros boiando em água parada, sem conserto, que aguardam o desmanche final. Os restos descerão para o fundo e se acumularão uns sobre os outros, os velhos-velhos resquícios de hoje e sempre. Sem negar que existem restos de maior estima, eu lamento não ter tirado os cigarros do bolso quando afundei(aquém dos pés, além da cabeça).