(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

segunda-feira, agosto 28, 2006

o homem que punhetava

--- é necessário também o gozo alienante que não vem acompanhado de prazer, sacia mesmo a tua necessidade, e guarda o membro melado na calça como quem limpa a boca com um guardanapo de papel depois do arroz com feijão diário. o corpo não pede muito, o corpo pede que pela boca se entre algo, pede a fricção de um outro sexo ou de uma mão, pede um canto qualquer pra ser horizontal e por algumas horas se desligar do mundo. o gozo alienante é uma risada bem dada na cara do prazer que é triste imediatamente um segundo após o gozo consciente. o prazer se entristece tão facilmente. porque ele sabe que bastam 5 arfadas e novamente você volta a si, como uma mola que te entrega e te recolhe, mas nunca se arrebenta. uma punheta bem dada pra se esquecer do castelo frágil de baralhos derrubados, de que infelizmente não basta enfiar o dedo no cu querendo que todo o resto de você também entre e fique lá pra sempre, esquecer que o "espírito" pede e finge muito mais que o corpo. os nossos quereres que dilaceram a razão são nossos idealismos, não um grito de suplício da nossa carne avermelhada. quanto a mim - eu, eu mesma e Irene - faz alguns dias que não penso mais, só tremo feito uma corda que ondula e ondula e. acho que de tanto bater meu coração parou, de tanto esperar um encontro [não duvido que seja nos mesmos modos de um cristão que espera a redenção, a sua espera também era assim?] sentada sempre no mesmo banco, a paisagem mudou e só meu banco continua lá intacto e eu não reconheço mais nada. anacrônica nesse mundo mais rápido que o pensamento. por isso o desconforto com as palavras, quando as coisas que te revolvem e que por sua vez revolvem as coisas do mundo já revolvem outra coisa ainda mais revolvente e revolvida isso te escapa. mesmo com a ausência de pontuação eu não consigo alcançar. e todas essas filosofias que violentam e se acumulam nos bolsos das calças e enchem os travesseiros e querem te enrabar a qualquer custo sem te deixar gozar [nem alienada nem esclarecida] implorando assentimento, como se fossem o absoluto a verdade do mundo do universo, do caos ao cosmos, e são todas parcialidades migalhas concedidas pelo mundo que se dá de dó do homem que não tem nada nem a si mesmo, e a mentira relativa que oprime tanto quanto a verdade absoluta e a liberdade na necessidade o nada a náusea o uno o múltiplo o bem o justo o belo o transcendente o transcendental a ataraxia a lógica os argumentos as justificações a antinomia a essência a aparência a linguagem o sublime que é para poucos a revelação que é para poucos a contemplação que é para poucos a dança que porra de dança é essa? me passa logo essa cicuta, vai. um viva à máxima do desconheça-te a ti mesmo pra manter a sanidade, e queria mesmo muito ver suas mãos cheias de calos que não são nem nunca serão maiores que os calos do seu "espírito" que não te basta pra ser homem. [a deprimencia da nicotina e da cafeína, nessas tardes nubladas, me bastam como hoje].

3 Comments:

Blogger Alex Lara said...

hm. você é daqueles que pensam que a outra é descartável, descartável no sentido de desnecessário?

1:39 PM  
Blogger Alex Lara said...

A outra quer dizer a outra pessoa, aquela da imaginação de um espírito inventivo, que finge haver outro corpo dessa outra, que não espera ser correspondido, que acha a solução em sua própria sandice, só, com suas mãos...

obs.: Acho improvável ser o outro.

7:08 PM  
Blogger marcos said...

caralho, mandou bem.
mas tem pontuação, sim. Muito bem colocada, por sinal, mas pontuação, de qualquer forma - e me sinto pilhado em minha originalidade ao ler que escrevo (ou escrevia) parecido (pelo menos visualmente).

10:09 PM  

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