(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

sábado, abril 09, 2005

um corpo d´agua. eu disse corpo, isso, assim, desse jeito.
corpo, aquele que cai, e dilacera.
um corpo d´agua me serviria, caberia nos meus buracos-poços, acompanhando a deformidade lenta a matéria na forma desproporcional. salvação da aridez sagrada de todos os dias que entope as veias emocionais.

pequenas doses de afogamento pelas manhãs e prazer aquático em calmaria ou tempestuosidade, infinitos rios e afluentes presentes nesse corpo que desagua num certo lugar.

corpo fluido que não seja da mesma natureza
do choro pelo leite derramado
amém.

repetição:

sim.

sexta-feira, abril 08, 2005

efeitos de vida reta. afff.

arruma a cesta agora, carrega aqueles temperos: a canela e o cravo; enquanto o cigarro termina de queimar no para-peito da janela, onde eu seco os brinquedos de mentira, onde meu gato mia baixinho e já que o sol desceu. falta tanta coisa, o céu nublar, chegarem as tulipas no mercado central. falta tudo onde só existe aresta. apara, pra de fato não sobrar nada, já que nem basta, já que nem conta, já que é resto, de(nada)mesmo. lavando toda a roupa, lembrando das meias que antes eram só pretas, no tênis furado que era de amor. furado de amor. sujo de tantas delícias e as roupas rasgadas de gosto. lavando toda a roupa suja de migalhas, a água escorre cinza pro ralo de hoje, barulhento, como que tomado de sede, como que parecido comigo.

quinta-feira, abril 07, 2005

pílulas, pílulas brancas e azuis.

Uma tristeza de fumar na janela jogando as cinzas pra fora. pra fora. a resignação total de SER só, sem nenhum(nenhum) drama. o cigarro que deixa um gosto velho na boca e o cheiro de auto-suficiência. como os gatos, querer ser como os gatos. os que se contentam com seu reflexo na água, os que se lambem com prazer. narcisismo responsável. medido.
e toda a desmesura, em tudo, com a aproximação de um outro(corpo). adequar a potência com o ato. sentir-se atraído por algo que não seja somente o centro da terra. o centro da terra, a máxima gravidade sem afundar-se no chão, toda a leveza (não a ponto de insustentável) em cada respiração.