.poema.magro.
hoje
se eu fosse um
pássaro
estaria
sem penas
assim como uma flor
se desfaz
sem pétalas
hoje
eu depus as armas
perdi as defesas
esqueci
em casa
minha dureza tola
o ataque
cortei as garras
à faca
lavei as pinturas
de guerra
hoje
a rigidez dos músculos
dá lugar aos ossos
esquálidos
porosos
a música, em disco
arranhado
não cuspiria em nada
mas me sentaria
e encostaria
o corpo
em qualquer apoio
a cabeça
depositada
no colo - do outro
por isso
não me olhes torto
(por favor, nem me olhes no olho!)
pois estou
quase
a quebrar.


6 Comments:
nossa, me senti um pouco emocionada...
a roupa do seu papel é a mais bonita que conheco.
Me lembrou aquele poema:
'Depois que cansei de procurar
Aprendi a encontrar.
Depois que um vento me opôs resistência
Velejo com todos os ventos.'
Mas o seu é infinitamente mais bonito.
deleuze: 'acontece de felicitarem um escritor, mas ele bem sabe que está longe de ter atingido o limite que se propõe e que não pára de furtar-se, longe de ter concluído seu devir. escrever é também tornar-se outra coisa que não escritor [fugir com o circo]. aos que lhe perguntam em que consiste a escrita, virginia woolf responde: quem fala de escrever? o escritor não fala disso, está preocupado com outra coisa.'
muito profundo, goste de mais!!!
sem garras
e metade sem corpo
ei, marira! me visita: www.discretacomoela.blogger.com.br
be-so.
Postar um comentário
<< Home