22:22, 11:11, 4:44, tanto faz.
módulo armadura de jornal: propriedade térmica, para que não perca mais calor e o frio não invada impedindo a circulação sanguínea, congelando a pujança da velocidade do líquido vermelho. que mesmo na frieza alheia, a lei da termodinamica não me alcance e não me faça perder calor pra um corpo/ambiente/palavras de baixa temperatura.
módulo coração de marfim: é preciso matar uma manada de elefantes, um-a-um, com lanças de cristal e veneno de criança molestada. é preciso matar uma manada de elefantes pra se ter um coração maciço e coeso. é preciso pegar os elefantes pelos chifres e lutar na terra úmida pelo choro dos amantes, se sujar de lama na morada suja do desamor, das cabeças guilhotinadas pelo carrasco sem rosto. é preciso se furar, se arranhar na rua de ladrinhos com pedrinhas de brilhantes, daquelas bem pontiagudas e cortantes, feito o amor que passa se arrastando e se doendo, ferindo as mãos nos espinhos das rosas do bosque que se chama, que se chama solidão. é preciso se doer até a última célula viciada, um rital sacrossanto de sacrifício na madrugada fria e silenciosa. o coração de marfim exige calos na alma [se il y a] e rugas no espírito [idem]. o anel que tu me deste era vidro e se quebrou dentro dos dedos. sair correndo como quem busca um tesouro e se enganar dando de cara e corpo com uma porta transparente, agora estraçalhada, aos caquinhos ---E AS CICATRIZES. é um processo cumulativo, estamos interessados em acumulação de fracassos. em colecionar ruínas, cabeças cortadas e corações viciados em punções e nesses pormenores todos. pra se ter um coração de marfim foi preciso que morresse uma manada de elefantes, ir pra guerra, voltar pra casa e retornar à guerra por várias estações. sair ileso é estado proibido. entregar-se inteiro e recolher-se aos pedaços é condição primeira. é preciso matar uma manada de elefantes pra amar sem amadorismos. pra se preservar do embuste, e suportar a partida dos que passam como quem procura algo e não encontra. La recherche sem fim que não repousa nem sacia --- como me esquecer de que a estrela era cadente e esperar a permanência? como me enganar com âncoras que eram simplesmente de papel, fáceis de se desmanchar na água salgada do mar, que é a mesma água que se prende nos olhos e se rende, escorrendo pela perda? mas meu coração é de marfim e por ele eu matei uma manada de elefantes, manãna és otro día e meus calcanhares delicados, manchados de lodo precisam de cuidados e preparos para o próximo tropeço ou descompasso. eu que desconheço a sincronia.
"E acabava assim, de repente, ainda que não fosse absolutamente perfeito, nem redondo, chovera demais nos ultimos dias e havia tantos sapos pelos quintais semi-abandonados, os charcos, os poços, as minhocas retorcidas nas lamas, os plurais e a língua singular apertando tão violenta o dente contra o lábio que talvez escorresse um filete de sangue maduro sobre o branco da camisa, mas antes disso, sem efeitos, secamente, acabava assim, era uma pena, todos sentimos muitíssimo, mas que se há de fazer se acaba mesmo assim?"
módulo coração de marfim: é preciso matar uma manada de elefantes, um-a-um, com lanças de cristal e veneno de criança molestada. é preciso matar uma manada de elefantes pra se ter um coração maciço e coeso. é preciso pegar os elefantes pelos chifres e lutar na terra úmida pelo choro dos amantes, se sujar de lama na morada suja do desamor, das cabeças guilhotinadas pelo carrasco sem rosto. é preciso se furar, se arranhar na rua de ladrinhos com pedrinhas de brilhantes, daquelas bem pontiagudas e cortantes, feito o amor que passa se arrastando e se doendo, ferindo as mãos nos espinhos das rosas do bosque que se chama, que se chama solidão. é preciso se doer até a última célula viciada, um rital sacrossanto de sacrifício na madrugada fria e silenciosa. o coração de marfim exige calos na alma [se il y a] e rugas no espírito [idem]. o anel que tu me deste era vidro e se quebrou dentro dos dedos. sair correndo como quem busca um tesouro e se enganar dando de cara e corpo com uma porta transparente, agora estraçalhada, aos caquinhos ---E AS CICATRIZES. é um processo cumulativo, estamos interessados em acumulação de fracassos. em colecionar ruínas, cabeças cortadas e corações viciados em punções e nesses pormenores todos. pra se ter um coração de marfim foi preciso que morresse uma manada de elefantes, ir pra guerra, voltar pra casa e retornar à guerra por várias estações. sair ileso é estado proibido. entregar-se inteiro e recolher-se aos pedaços é condição primeira. é preciso matar uma manada de elefantes pra amar sem amadorismos. pra se preservar do embuste, e suportar a partida dos que passam como quem procura algo e não encontra. La recherche sem fim que não repousa nem sacia --- como me esquecer de que a estrela era cadente e esperar a permanência? como me enganar com âncoras que eram simplesmente de papel, fáceis de se desmanchar na água salgada do mar, que é a mesma água que se prende nos olhos e se rende, escorrendo pela perda? mas meu coração é de marfim e por ele eu matei uma manada de elefantes, manãna és otro día e meus calcanhares delicados, manchados de lodo precisam de cuidados e preparos para o próximo tropeço ou descompasso. eu que desconheço a sincronia.
"E acabava assim, de repente, ainda que não fosse absolutamente perfeito, nem redondo, chovera demais nos ultimos dias e havia tantos sapos pelos quintais semi-abandonados, os charcos, os poços, as minhocas retorcidas nas lamas, os plurais e a língua singular apertando tão violenta o dente contra o lábio que talvez escorresse um filete de sangue maduro sobre o branco da camisa, mas antes disso, sem efeitos, secamente, acabava assim, era uma pena, todos sentimos muitíssimo, mas que se há de fazer se acaba mesmo assim?"
módulo silêncio: como quem olha nos olhos de um búfalo.
1 Comments:
ahn... o que posso dizer? ah sim! "bonito isso :_)"
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