pouco se entende embaixo d'água --- e tudo isso foi dito num mergulho. não entendam, por gentileza.
quisera não ter ouvido nada, e simplesmente continuado a nadar, ir e voltar, de uma margem à outra da piscina; se não tivesse ouvido, também não gritaria até arrebentar a garganta, eu que não sabia que daí de fora não se houvem os afogados, submergidos no fundo da água, da sala, da alma [tanto faz]. quisera ter visto mas não enxergado, e assim continuado a nadar, com os olhos vermelhosabertos desfocando traços, embaçando as formas sem delimitar o entorno-contorno que definem corpos, dispõem modos. melhor teria sido se não fosse o corte, quem-me-dera ter continuado a nadar sem o incômodo da fenda aberta, ardida, nas mãos que em forma de concha ensejam um nado não-sincronizado. [o nado não-sincronizado, sempre]. quisera não ter olhado as horas, e mantido a vida molhada, já que embaixo dágua o tempo não passa, não há o tempo que seca tornando árido [em descompasso com as intenções] e feio. quisera não ter feito do pulmão cinzas, despedaçado e sem fôlego, pra poder fingir de morto boiando abraçando os joelhos feito feto, surdo-mudo-anômico. quisera não ter saído ao vento, mas ter-me feito soluto no solvente universal, sem dissolução total --- transmutada em água-viva [que queima, machuca e se inocenta (porque simplesmente dança)].
1 Comments:
je ne cest pas si je peux dire mais... voilà:
"Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca de Zaratustra lágrimas e canções.
Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.
E quando vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito do pesadelo. Por ele caem todas as coisas.
Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! Matemos o espírito do pesadelo!"
Au revoir!
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