(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

quarta-feira, abril 19, 2006

(...) que sempre me dava a mão para atravessar a rua até a outra margem, sempre me teve por frágil como um enfeite que se quebra no mínimo toque, sempre tomou toda palidez como a ausência de veemência e nervura --- como as virgens ideais e
pálidas-lânguidas-cálidas desse seu romantismo barato. e eu mesma tinha vontade de colocar sua boca aberta no meio-fio e com uma só pisada na cabeça quebrar todos os dentes da sua boca. para depois oferecer-lhe todas as delícias cremosas desse mundo, já que mastigar a categoria dos sólidos se tornaria naturalmente impossível. vê, não desprezo o fato de que poderei lhe servir, mas também não desprezo a condição do meu querer ou o possível cuspe na sopa que levo quente até você. e continuando então a desfigurar-lhe o rosto com as unhas todas, cravando cortes com os dedos, para depois com os mesmos dedos, afogados nos cabelos, dizer que não necessito das suas costelas nem de nascer delas. daí você pedirá perdão por freud e renunciará a todas as vaginas desse mundo se insistir que esta é um pênis castrado, privação.
e então negará adão.
7 vezes ao pé da macieira,
com as calças arriadas e em genuflexão.
e só então, meu homem, lhe darei meu coração:
com todos os nervos possíveis e
as veias tomadas de amor vermelho.
[paixão]
todo ódio eu guardarei em caixas transparentes,
para que seja visto e lembrado
até o fim.
[à redenção]