tudo começa na varanda daquela casa da cadeira de balanço & o vento, único a ter coragem de fazer ir-e-vir a cadeira velha. a casa de varanda e balanço abandonado, a luz que esqueceram acesa - uma lâmpada triste naquele sol mais triste ainda. em frente a casa, uma árvore que se encosta em mim quando passo, uma árvore que me estende a mão quando fico. me sento no meio-fio e encosto a cabeça, que me disseram ser estranha demais. estranha demais, a cabeça?
uma forma muito feia e deselegante de se referir às compulsões de alguém, às pulsões de vida&morte que me disputam. (rasgo uma folha, fibra por fibra). e a estranheza, torna-se bela por um viés estético, é simples demais, como aquela cadeira vazia e a varanda vazia e aquela luz acesa em pleno sol, de deixar marcas no rosto. e quanto à estranheza que eu mesma sinto, transformo-a em recortes e fragmentos que guardo numa caixa de madeira pintada à mão, embaixo da cama, onde também guardo meus fetiches sagrados - melhor: perfidamente sacralizados. e antes de dormir, como quem se olha no espelho pra se reconhecer, espalho os fragmentos pela cama e afirmo 3 vezes sem tristeza o sentimento imenso de desconhecimento, tudo sem nenhuma dor. apenas vou montando pedaços que me dão algumas pistas, traduzindo alguns desenhos que fornecem memórias e o cheiro de pedaços de pano, que exijo em troca de. os pedaços de pano, que coleciono pois nunca se sabe o dia de amanhã. tenho costurado uns aos outros intencionando uma colcha de retalhos. nunca se sabe o frio de amanhã.
(começa uma música vinda da casa de varanda & cadeira de balanço, uma música triste, um piano - é alguém tocando) é que, sabe, todo esse desconhecimento, e essa música linda e triste.
(enfio com força a mão na terra em que mora a árvore) é que, toda essa lacuna me nutre demais, mas por vezes me engasga e me cala. se alimentar sempre da mesma coisa, me torna improdutiva feito terra quando se nutre do mesmo. hoje, portanto, eu desejo toda a fome do mundo. o mesmo e a repetição do mesmo, as várias formas de dizer o mesmo - pela fome serei obrigada a buscar o outro, a outra matéria e a outra forma de envolvê-lo em mim. é me arrastando e despedaçando e raquiticamente me doendo. (a luz da varanda se apaga e retiro as mãos sujas da terra avermelhada e úmida). e os poucos que me acompanham nem perceberão, na verdade nunca percebem, mesmo quando com todo o zelo me dão o braço e diligentemente me dão a mão. ainda assim eu amo e digo pra sempre amém. (a cadeira parada me provoca um incômodo imenso, quando pego uma pedra e miro no seu encosto, ela balança 1,2,3,4 - algumas vezes, com força.) me levanto, encho os pulmões de ar e solto leve pela boca. onde meus pés me levam, esqueço que já sei (finjo que não sei) - pra me surpreender depois.
uma forma muito feia e deselegante de se referir às compulsões de alguém, às pulsões de vida&morte que me disputam. (rasgo uma folha, fibra por fibra). e a estranheza, torna-se bela por um viés estético, é simples demais, como aquela cadeira vazia e a varanda vazia e aquela luz acesa em pleno sol, de deixar marcas no rosto. e quanto à estranheza que eu mesma sinto, transformo-a em recortes e fragmentos que guardo numa caixa de madeira pintada à mão, embaixo da cama, onde também guardo meus fetiches sagrados - melhor: perfidamente sacralizados. e antes de dormir, como quem se olha no espelho pra se reconhecer, espalho os fragmentos pela cama e afirmo 3 vezes sem tristeza o sentimento imenso de desconhecimento, tudo sem nenhuma dor. apenas vou montando pedaços que me dão algumas pistas, traduzindo alguns desenhos que fornecem memórias e o cheiro de pedaços de pano, que exijo em troca de. os pedaços de pano, que coleciono pois nunca se sabe o dia de amanhã. tenho costurado uns aos outros intencionando uma colcha de retalhos. nunca se sabe o frio de amanhã.
(começa uma música vinda da casa de varanda & cadeira de balanço, uma música triste, um piano - é alguém tocando) é que, sabe, todo esse desconhecimento, e essa música linda e triste.
(enfio com força a mão na terra em que mora a árvore) é que, toda essa lacuna me nutre demais, mas por vezes me engasga e me cala. se alimentar sempre da mesma coisa, me torna improdutiva feito terra quando se nutre do mesmo. hoje, portanto, eu desejo toda a fome do mundo. o mesmo e a repetição do mesmo, as várias formas de dizer o mesmo - pela fome serei obrigada a buscar o outro, a outra matéria e a outra forma de envolvê-lo em mim. é me arrastando e despedaçando e raquiticamente me doendo. (a luz da varanda se apaga e retiro as mãos sujas da terra avermelhada e úmida). e os poucos que me acompanham nem perceberão, na verdade nunca percebem, mesmo quando com todo o zelo me dão o braço e diligentemente me dão a mão. ainda assim eu amo e digo pra sempre amém. (a cadeira parada me provoca um incômodo imenso, quando pego uma pedra e miro no seu encosto, ela balança 1,2,3,4 - algumas vezes, com força.) me levanto, encho os pulmões de ar e solto leve pela boca. onde meus pés me levam, esqueço que já sei (finjo que não sei) - pra me surpreender depois.


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