(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

La mort? C'est impossible!

o que sei é do patíbulo esquecido, sinônimo: cadafalso. o esquecimento da pena capital, da condenação, da voz que um dia ecoa em tom de zombaria: c'est finis! a condição de viver, quando não se é eterno; quer dizer: quando se é eterno, simplesmente não se vive, e isso é sem condições. as tristezas travestidas de bonança que ensinam sobre os homens, digo nascer, crescer, reproduzir, morrer. repito do patíbulo esquecido: esses enfiam a morte nos orifícios mais recônditos como um supositório que logo depois se dissolve, digo os já nascidos, crescidos, reproduzidos, mais: dissimulados que fingem não ser os futuros morridos. e a morte-condição é o zumbido no ouvido que incomoda, e os coitados tentam deter, como a dedetização do ambiente contra os vermes, o cheiro de lavanda desconhecendo o solo de cadáveres, os pés que pisam no sangue, a casa ao lado e as flores amarelas do velório; é a consciência nula e torpe do tempo. (henry miller escreveu sobre gostar dos homens que carregam o tempo no sangue, eu admito minha guerra com o tempo e a consciência opaca do duo vida&morte a dançar. oh, claro! isso aqui é auto-referencial!)
o desperdício com cuidados em vão, a placa no metrô: "cuidado! perigo de vida." a frase mais deliciosa e ambígua que li nos últimos tempos, como se a negação do cuidado me jogasse de vez na boca aberta e perigosa da vida. genial. ou talvez eu tenha mesmo me confundido nas minhas operações lógicas e concluído o que me apraz, o que admito não ser difícil (...) mas querem mesmo fingir-não-saber do fim da linha sem saber que assim sacrificam todo o percurso, do mesmo modo como querem negar seus orgãos pulsantes, melados em suas roupas íntimas dentro das igrejas, nos escritórios, nos jantares de família, no calor que aumenta a transpiração e pede água gelada escorrendo na espinha. agora entendo as escusas sobre sexo: é que dizem que todo gozo é uma pequena morte, e não se esqueçam, de morte não querem falar. engraçado como a lista das negações e das vergonhas não cessa, se multiplica, nunca se basta.
(Engraçado como eu, moça delicada, me presto a esse tipo de
denúncia-escrita-emporcalhada numa tarde ensolarada e promissora de verão! Aguardo, pois, a condenação.)

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Conquistar a imortalidade, e depois,
morrer...!

3:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

La mort, c'est la mort
mais l'amour, c'est l'amour
La mort, c'est seulement la mort
mais l'amour, c'est l'amour

1:35 PM  
Blogger M. said...

L'amour est plus froid que la mort.

3:40 PM  

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