(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

sábado, dezembro 17, 2005

minhas mulheres

quardo nas paredes do quarto, dentro das gavetas, dentro dos armários, entre as dobras, no nó do sapato, na matéria vocal da palavra, na maneira de se comportar dos ombros, das mãos, do andar. guardo uma espanhola nos pulsos, e no leque que esconde a metade tímida do rosto. uma japonesa guardada no ouvir e no calar, no silêncio que não é mudez, mas assentimento. uma francesa na cavidade bucal da petulância cínica e orgulhosa, na exigência de entrada, prato principal e sobremesa. uma árabe no sobrenome e no olhar: é que olho com olhos de Nassif, num casamento ancestral entre as cidades de Damasco e Beirute. carrego uma índia no nome e no desejo dos pés na terra úmida: é que Maíra é nome de índio. Escondo muito bem uma sem pátria, na errância e no desprezo pelas âncoras: essa (em mim) me respira.