lavoura
me escondo debaixo das folhas secas caídas desde o outono, me escondo entre as folhas e a terra úmida de chuva. planto meus pés na terra e formigas vermelhas cortam caminho pelos meu ombros, meus galhos. com as mãos livres enterro pérolas na terra, e vejo brotar caminhos escuros que me gritam. choro pela impossibilidade do andar, meus pés já se transformaram em raízes.
com os dentes vou cavando buracos em minhas próprias pernas, roendo meus próprios ossos até que me desprenda do solo. sem pés e sem raízes me arrasto com cuidado até um biombo de madeira, onde me recosto e fecho os olhos de estrelas tristes. o assombro que me toma e me percorre, é por lembrar que das raízes que restaram no solo, nasceu uma bela flor de pétalas azuis,
no entanto,
lacrimosa.


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