dois perdidos numa noite suja
o jovem-senhor gostava muito de violência assim como eu embora por motivações diferentes porque as minhas são estéticas sim a estética da perversidade e a dele me parece algo como um princípio de castração mal sucedido certo eu também tive um processo de castração mal sucedido o outro não passa de objeto que deve se submeter sim deve se submeter sim curvar-se para que eu possa morder cuspir não não gosto de cuspidas porque o objeto não merece água nem saliva nem nada sendo que o bom é o grito o berro que ecoa e preenche o ímpeto que se contenta com grito porque depois o outro deve reagir senão some a graça o gozo e dessa vez a violência deve ser infringida contra mim pisar na minha cabeça a violência moral para que eu me curve e como um cão raivoso que espuma pela boca morda os tornozelos até o sangue até que o outro desculpe-se retrate-se senão eu fujo com o rabo entre as pernas por cinco minutos e retorno com um monte de espinhos e furo um por um como pregos sobre a pele do outro que já está vermelha e agora converte-se em fogo porque queima e arde e espinhos mais espinhos imbecil retrate-se de joelhos de joelhos no sal grosso para que se purifique com espinhos e sal grosso para que se resgate a dor primeva para que você sinta desgraçado como dói como dói de joelhos entre os pés e a cabeça o joelho que está entre é intermédio aí também existe dor além das extremidades depois admito que o corpo de posse de espinhos me aperte contra a parede de chapicos e transfira-os para as minhas costas porque eu também mereço sei que também mereço não sou flor que se cheire na verdade nem flor nem cheiro só torpor sede&torpor canino agora de posse de espinhos as costas sangram e saem lágrimas dos olhos pequenos chore chore mas sem ser de culpa ou auto-comiseração chore pelo sal que é o mesmo da lágrima e do sal grosso que grande revelação de posse dos espinhos começo a tirar um por um inclusive na aorta porque queria ver esguicho e pintar o teto de vermelho pintar o outro de vermelho sim agora que eu quero sujar o rosto de fluidos de semêm de ódio a libido sim a libido escorre no meio das pernas e converte-se em socos a libido transfere-se pro rosto do outro pro nariz quebrado o olho roxo a marca de dentes no pescoço agora que ele está sentado no seu canto fumando um cigarro atrás do outro depois de todo o processo depois de ungir-se e da purificação há que começar tudo outra vez nesse desejo que é quase um destruir ao lado e sempre e tanto do violentar.


1 Comments:
Nem sei dizer quando e porque comecei a ler seus textos. Sei que é o primeiro blog escolhido entre os favoritos, e muitas vezes o único do dia.
Sei que estou apaixonada pelas suas palavras!
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