(Sístole & Diástole) ou (Atrás dos olhos das meninas sérias)

Mais importante que a palavra é a textura - até mesmo porque a palavra (quase) nunca presta.

domingo, setembro 25, 2005

Há uma aurora que não se esgota em principiar, mas é também o término da dor do espectro, da cegueira, do conhecer pelo tatear. A aurora que é começo e fim, luz que extermina a sombra, luz que vislumbra distante o processo do sombrear. Dos morcegos que se iniciam, das corujas centro desperto do mundo, do avesso escuro da cidade que desiste temporariamente de ser cidade. Há um cheiro de morte mal interpretada, pois tudo parece suspenso, as ruas perigosamente perfumam-se de lírio, celebrando a condição de entreato. Diz-se da noite que ao mesmo tempo mata e promove o parto. Pensas tu a noite como o não-ser entre dois dias, ou os excessos transbordantes de um lado e de outro, que oprimem as horas claras? Noite quer ser gato baldio, tango esquecido na vitrola. Luz? Do esqueiro que acende o crime, do delírio que ilumina a senda de quem precipita. Uma pergunta tendenciosa: Tornamo-nos rotos no fluxo degenerado dos dias ou na simples impossibilidade de consumo-classe-média que não cabe no escuro? À noite o silêncio deixa-se tocar, ao dia respira-se empáfia. Mas não esqueçamos a aurora! A redenção na claridade. Contendo o espraiar da noite, o perigo de sublimar - do dizer subliminar. Aurora guarda a lua nos bolsos e apazigua a dor de morrer com promessas de retorno crepuscular.

Mas afinal, quem nesse ininterrupto é o verdadeiro algoz ?

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Foi o que vi.
Aujourd'hui.

5:50 PM  
Blogger M. said...

Eu sempre vejo.
Toujours.

5:43 PM  

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